quinta-feira, 1 de maio de 2008

A Internacional

Letra: Eugène Pottier, 1816-1887
Música: Pierre Degeyter, 1848-1934
Tradução: Neno Vasco, 1878-1923
Mais informações na Wikipedia


De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome,
A crosta bruta que a soterra .
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final!
Uma terra sem amos
A Internacional!
Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!
Refrão
Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
Refrão
Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu!
Refrão
Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais!
Refrão
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas, deixai o mundo!
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

domingo, 27 de abril de 2008

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Orelhano

Para meu amigo César Silveira, do Piquete Orelhanos, Jardim Marabá, Porto Alegre:
Orelhano, do espanhol platino, é o animal que não tem marca ou sinal na orelha. Esta marca informa a todos que o bicho tem dono.

Marcar um animal na orelha é um método rápido e simples, pois requer apenas prender o bicho e com uma faca fazer talhos ou furos na orelha do mesmo — o que é bem mais rápido que a marcação à ferro. Também tem a facilidade de ser aplicado a diversos animais: gado, ovelhas, tatus etc.

Por extensão também é usado pra se referir à pessoas que não dependem de patrão.

Fontes:

Tux Gaúcho


Tux é o mascote do sitema operacional GNU/Linux. Pois o Linux Users Group Argentina (LUGAr) — agora denominado Usuarios de Software Libre de Argentina (USLA) — criou esta versão do Tux pilchado:

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Campanha: Estou alerta!





Paz e bem!

Como as "forças ocultas", travestem-se hoje de democratas e fingem que estão cansadas, estou propondo com resposta a campanha Estou Alerta!

Pois não caio na cantilena destes "cansados" que querem é voltar a se locupletar livremente.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Luiz Carlos Prestes, herói do povo brasileiro

Por Walter Sorrentino
Médico, secretário de Organização do Comitê Central do PCdoB


Em recente entrevista ao Vermelho, a comunista Maria Prestes, viúva de Luiz Carlos Prestes, registra o legado do legendário do Cavaleiro da Esperança do povo brasileiro. De forma singela e nem por isso menos incisiva, afirma que “Luiz Carlos Prestes é o exemplo de um homem de caráter firme, de personalidade estóica, de coragem destemida. E, especialmente, uma pessoa incorruptível. Sua trajetória de revolucionário - marcada pela marcha da Coluna Prestes e pelo Levante Antifascista de 1935 é uma trajetória de herói”. Isto é uma verdade inegável. Esses episódios da vida e luta de Luiz Carlos Prestes são um patrimônio elevado de todos os brasileiros.

Poderia se acrescentar: seu comportamento quando preso no Estado Novo de Vargas – que levou o seu advogado de defesa, Sobral Pinto, a invocar até mesmo a lei de proteção dos animais contra as condições de anos de prisão em masmorra solitária –; sua atitude exemplar com os algozes, não fornecendo informações que atingissem o seu Partido; o enfrentamento do terrível destino de Olga Benário, sua esposa, desterrada grávida para a prisão fascista na Alemanha, onde foi condenada à morte, tudo isso são mostras do desprendimento e abnegação de Prestes, baseados em convicções profundas e férrea disciplina. Prestes integra, sim, por esses feitos, a galeria das maiores lideranças populares do Brasil no século 20.

Aquilatar o papel de personagens desse porte é sempre muito complexo. Exige contextualizar as circunstâncias em que atuaram, o papel que jogaram, o que deixaram como legado. Essa é uma faceta indispensável da luta de idéias neste tempo. Os historiadores sociais e políticos têm farto material para pesquisar e resgatar esse papel,e já o vêm realizando. Os próprios comunistas precisam elaborar uma história do Partido Comunista do Brasil, de seus 85 anos de vida e luta porque a capacidade de aprender com o passado, extrair dele lições para orientar a luta, indica o grau de maturação das correntes transformadoras.

Isso registrará o papel de Prestes naqueles anos esperançosos, sob o efeito da histórica revolução soviética de 1917 que, com seus acertos e erros, deixou um legado de contribuições de grande vulto à humanidade durante o século 20. Registrará também os confrontos ideológicos profundos, irrepetíveis talvez em sua radicalidade própria do tempo, que separaram posteriormente caminhos entre as correntes de esquerda em todo o mundo, já sob o efeito de limitações e erros na experiência do socialismo na URSS, que conduziram afinal à sua derrocada nos anos 80-90. Examinará os impactos provindo desses confrontos no Brasil, acrescidos das disjunções de pensamentos estratégicos e táticos que se produziram então acerca do caráter da revolução brasileira, produzindo cismas no então PCB – Partido Comunista do Brasil –, no qual Prestes, como não poderia deixar de ser, foi figura central.

Resgatará em seu contexto histórico também o papel de personagens como João Amazonas, Gregório Bezerra, Carlos Marighela, Maurício Grabois, Pedro Pomar,Diógenes Arruda e muitos, muitos outros, que legaram exemplos de bravura indômita, desprendimento, dedicação à causa dos trabalhadores e do povo brasileiro. Personagens que levaram às últimas conseqüências a idéia da liberdade como consciência da necessidade na luta por uma nova sociedade, que sabiam o que faziam, estavam dispostos a pagar as exigências da luta com a própria vida, se necessário fosse – e muitas vezes o foi. Por isso, todos eles representam, cada um ao seu modo, uma síntese elevada dos anseios do povo brasileiro.

Aí reside um patrimônio da luta política e social no Brasil. Nele se inclui o patrimônio da corrente comunista, do qual nos orgulhamos. Orgulho que se expressa no registro este ano na comemoração dos 90 anos da revolução soviética. Orgulho de contar nessa luta com Oscar Niemeyer, gigante de lucidez e simplicidade, comunista convicto aos cem anos de vida e, ainda, dessa brasileira comunista Maria Prestes. Orgulho de ver referido, em discursos de Hugo Chávez, quando saúda os heróis da luta anti-imperialista em nosso sofrido continente latino-americano, o papel do brasileiro Luiz Carlos Prestes.

Enfim, trata-se de enfoques a serem feitos no espírito da época. Porque cada uma tem seus próprios desafios e gesta seus próprios heróis na luta revolucionária. A história os julga, contextualizados em seu tempo, mas fornecendo contribuições perenes aos que seguem perseguindo os mesmos ideais radicais de liberdade e justiça social, anti-imperialistas, socialistas. Herdar e dar continuidade à causa que eles abraçaram inclui também apreender seu papel histórico, de acertos, erros e vicissitudes, para re-alimentar ideais e convicções, base para o desprendimento e abnegação, dedicação e disciplina com a causa transformadora.

É outro o contexto da época hoje, mas o problema é o mesmo: ser militante da causa transformadora, marxista e revolucionária. Talvez de modos mais diversos: não é novo o caminho, mas se pode caminhar de novo jeito, como dizia o poeta Thiago de Mello. Também este tempo que nos foi dado viver gestará seus heróis, anônimos ou não. Mas uma coisa é certa: se alimentarão do exemplo dos que passaram, heróis do povo brasileiro. Assimilarão o passado, para uma síntese nova e mais elevada da luta pelo socialismo, nossa razão de existir. Sem idealizações românticas, a-históricas, pois ninguém é infalível nem perfeito. Compreendendo que erros fazem parte da trajetória e fornecem igualmente elementos para o aprendizado.

Os comunistas, quando pensam no futuro, não esquecem seu passado: essa é uma lição essencial de todos os que percorrem as trilhas da luta pela transformação social revolucionária.

Clique aqui para ver a entrevista de Maria Prestes

Extraído de http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22105 acesso em 27 jul. 2007.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Viúva de Prestes conta por que foi ao jantar do PCdoB

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=21972 acesso em 25 jul. 2007.

Maria Prestes, viúva de Luiz Carlos Prestes, surpreendeu os organizadores do jantar da Campanha da Sede Própria do PCdoB no Rio de Janeiro, em 18 de junho último, ao comparecer espontaneamente ao evento. ''Considerei importante manifestar minha solidariedade para com os camaradas comunistas. Sempre que posso participo de reuniões e palestras realizadas pelo PCdoB e vou sem ser convidada. Fui ao jantar porque é importante o PCdoB ter a sua sede'', explica ela, nesta entrevista para Wevergton Brito. E pede para o PCdoB ''lembrar os passos de Prestes, até mesmo através das discórdias''.

Militante comunista desde a sua adolescência, Maria do Carmo Ribeiro, pernambucana, acompanhou a luta política de seu pai, João Rodrigues Sobral, nas fileiras do PCB, nos anos 30, 40 e 50. Conheceu a barbárie da ditadura do Estado Novo, que assassinou, torturou e desapareceu com milhares de comunistas e antifascistas. Viu Prestes pela primeira vez num comício em Recife, na Praça 13 de Maio, nos anos 40. Mas conheceu mesmo o Cavaleiro da Esperança quando foi designada pelo Comitê Central do PCB para ser responsável pela segurança do aparelho onde ele ficaria morando clandestinamente, no início dos anos 50.

Da convivência veio casamento e vieram os sete filhos: João, Rosa, Ermelinda, Luiz Carlos, Mariana, Zóia e Iuri. Prestes já tinha a filha Anita, fruto do casamento com a militante comunista alemã Olga Benário, e Maria tinha dois filhos do primeiro casamento, Pedro e Paulo. Hoje, da altura dos seus 77 anos, 22 netos e três bisnetos, ela continua firme, e, à sua maneira, contribui para a construção de um Brasil socialista.

Através das palestras que realiza, dos museus que cria para perpetuar a memória de Prestes e dos livros que escreveu sobre sua trajetória, ela passa a mensagem de que é preciso continuar lutando por um mundo sem exploração do homem pelo homem. Dona Maria gosta de recordar os anos de exílio em Moscou, União Soviética, quando toda família, pela primeira vez pôde viver unida e em paz. Residindo na Gávea, bairro da cidade do Rio de Janeiro, gosta muito de viajar, freqüentar teatros, cinemas, exposições e curtir as belezas da cidade maravilhosa. Especialmente as praias. Afirma: “Não existe cidade mais linda do que o Rio de Janeiro - claro que gosto do meu Recife natal”.


Pergunta - Sua presença e a de seu filho no jantar para arrecadação de recursos para compra de sede própria do PCdoB, trouxe alegria para o Partido. O que a motivou a ir?

Maria Prestes - Minha presença na festa do PCdoB foi porque o meu filho, Luiz Carlos, tinha convites. Considerei importante manifestar minha solidariedade para com os camaradas comunistas. Sempre que posso participo de reuniões e palestras realizadas pelo PCdoB e vou sem ser convidada. Penso que o exercício de analisar as propostas políticas atuais, ouvir as argumentações dos militantes me ajuda a ficar jovem.

Fui ao jantar porque é importante o PCdoB ter a sua sede, afinal é uma organização com representação no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais das mais diferentes cidades do interior. Um endereço definitivo pode colaborar para que o pensamento marxista seja estudado mais e mais, servindo de ferramenta de luta para todos os explorados pelo capital financeiro nacional e internacional.

P - Como você começou sua vida de militante comunista?

Maria - Desde os meus dez anos comecei a participar, ao lado do meu pai, das reuniões do Partido Comunista Brasileiro na Bahia. Viajei com ele, e meu dois irmãos, por todo Norte/Nordeste realizando contatos clandestinos, levando orientação política do Comitê Central e as palavras de ordem.

Esta foi minha adolescência, sempre dentro do PCB, ouvindo as conversas de um Carlos Mariguela, de um Jorge Amado ou de um Gregório Bezerra. A solidariedade para com as famílias dos comunistas presos era uma atividade intensa. Durante o Estado Novo eram milhares de presos. Pouca gente fala sobre este tema hoje, é um tema pouco explorado na nossa historiografia, a barbárie de Getúlio Vargas nos anos 1935-1945.

Vivi, com meus olhos de menina, líderes assassinados, torturados e desaparecidos. Ao lado de meu pai, que era conhecido como Camarada Lima, lutei, distribuindo jornais e folhetos nas portas de fábricas. Participei da organização de comícios pela entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, pela anistia dos presos políticos e pela legalização do Partido Comunista.

Foi uma glória a vitória da União Soviética, a URSS, sobre a Alemanha nazista. Imagina que hoje dizem que foram os americanos que venceram este último conflito mundial! Não quero desprezar a participação de todos os aliados, inclusive do Brasil, naquela guerra, mas foi o soldado soviético que venceu a Alemanha de Hitler.

P - Alguns dos seus filhos nasceram no exterior? Como foi cria-los no exílio?

Maria - Meus filhos nasceram nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.Todos eles são brasileiros. Agora, dos meus 22 netos 15 nasceram no exílio. Já tenho três bisnetos, dois são brasileiros e um nasceu na Rússia.

Quando falo dos meus filhos gosto de destacar a alegria que sinto por eles terem se formado na ex-União Soviética. Claro que o socialismo real da Rússia, que durou entre os anos de 1917-1990, não foi um mundo cor-de-rosa. Porém, não posso deixar de reconhecer que foi lá que minha família viveu os anos mais tranqüilos e felizes, todos juntos.

Tivemos a oportunidade de conhecer as culturas das repúblicas soviéticas: da Geórgia, do Azerbaijão, da Bielorússia, Ucrânia, Uzbequistão, Cazaquistão, Estônia ou Lituânia. Viajamos pelos países socialistas: Bulgária, Romênia, Polônia, Alemanha Democrática, Hungria ou Iugoslávia. Países que tinham um sistema político socialista que não existe mais. Foi o exílio que nos possibilitou conhecer estes recantos. Não posso esquecer das visitas as fábricas, cooperativas agrícolas, escolas, museus, teatros e, especialmente, às casas dos amigos.

A experiência socialista, vivida por estes povos, foi muito importante. Com o passar dos anos os erros serão avaliados de maneira mais ponderada. Estes povos saberão reconhecer o quando devem ao sistema socialista pelos avanços nas áreas de educação, ciência e infra-estrutura. Meus filhos se formaram aprendendo marxismo, estudado economia política. O exemplo da luta revolucionária de Lênin, de Fidel Castro ou de Ho-Chi-Min está dentro deles.

P - O PCB apoiava o Governo Jango Goulart e acreditou que poderia mudar o país através dele?

Maria - O Governo do presidente Jango não tinha proposta de realizar uma revolução socialista, isso os comunistas sabiam. E, que fique bem claro, os comunistas não acreditam, os comunistas tem convicções.

Mas, o apoio, do qual você está falando, se deu por conta da necessidade que existia em consolidar o regime de estado de direito no Brasil dos anos 60. O PCB apoiou este governo democrático porque Jango defendia a liberdade de organização dos partidos políticos, defendia a luta por melhores salários para os trabalhadores e desejava que os processos eleitorais não tivessem interferências de militares. Continuo com a opinião de que estávamos certos. O golpe militar de 1964 fez o país viver uma ruptura do processo político, trouxe o atraso, a decadência que contaminou todas as esferas da vida política atual.

P - Como você vê o legado de Prestes? Sua memória e seu exemplo são valorizados? Se não, o que fazer para que as novas gerações conheçam Prestes?

Maria - O legado de Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança do povo brasileiro, tem importância fundamental nos dias de hoje. Ele é o exemplo de um homem de caráter firme, de personalidade estóica, de coragem destemida. E, especialmente, uma pessoa incorruptível. Sua trajetória de revolucionário - marcada pela marcha da Coluna Prestes e pelo Levante Antifascista de 1935 é uma trajetória de herói.

Quem sempre fala desta maneira é o nosso maior amigo, Oscar Niemeyer. Considero estranho o PCdoB nunca ter feito uma homenagem para Prestes. O Brasil é maior do que as vaidades e os interesses partidários imediatos. Quem sabe não chegou a hora de lembrar os passos de Prestes, até mesmo através das discórdias.

Juntamente com meu filho, Luiz Carlos, criei os Memoriais Coluna Prestes nas cidades de Santo Ângelo (RS), Santa Helena (PR), Palmas (TO) e Crateús (CE). Batizamos, com nome de Prestes, rodovias e praças nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Miguel, (RN). Nunca o PCdoB enviou uma mensagem de parabéns.

Penso que os comunistas devem saber valorizar os heróis comunistas, independente de qualquer questão. Já que estamos falando de homenagens... penso que devemos nos juntar apara lutar pela memória dos comunistas que morreram nos porões da ditadura militar: David Capistrano, Itair José Veloso, José Montenegro de Lima, Luis Maranhão e Orlando Bomfin. Você deve concordar que pouco importa hoje deles terem pertencido ao PCB. Não é verdade?